A especialista Vera Luiza Capelozzi discute pesquisas que exploram a proteína pleural, capaz de atrair células essenciais para combater o mesotelioma maligno.
Um novo biomarcador conhecido como proteína pleural mostra promessa na predição da mortalidade entre pacientes com câncer pulmonar agressivo, conforme pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O estudo investiga o potencial terapêutico da molécula contra o mesotelioma pleural maligno. Vera Luiza Capelozzi, professora do Departamento de Patologia da FMUSP e coautora do estudo, detalha as descobertas e avalia a importância do biomarcador.
Segundo a professora, o mesotelioma maligno é um tipo de câncer extremamente agressivo que afeta a pleura, a membrana que envolve os pulmões. A exposição prolongada ao amianto pode desencadear inflamações que, ao longo de duas décadas, podem evoluir para essa forma letal de câncer.
Vera explica que a proteína pleural, codificada pelo gene mesotelina, desempenha um papel crucial ao atrair células imunológicas, como os linfócitos T, essenciais no combate ao câncer. O estudo, baseado em 82 casos de pacientes com histórico de exposição ao amianto, revela que essa proteína pode remodelar o microambiente tumoral, inibindo seu crescimento e invasão.
“A mesotelina estava presente em mais de 70% dos pacientes estudados. A terapia combinada com anticorpos que se ligam à mesotelina induz uma resposta imunológica direcionada, especialmente pelos linfócitos CD8”, destaca a pesquisadora.
Os próximos passos incluem ensaios clínicos para validar esses resultados promissores. No entanto, Vera ressalta os desafios enfrentados devido à rápida progressão da doença, o que limita o acompanhamento dos pacientes até estágios avançados.