Além de substituir posicionamento manual por robótico, sistema utiliza IA para navegação cerebral.
Considerada uma abordagem inovadora na psiquiatria para tratar depressão, assim como em neurologia e fisioterapia para dores crônicas e doenças neuromusculares, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) agora se beneficia de um novo sistema robotizado e câmeras inteligentes para localização precisa das áreas cerebrais alvo. Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto desenvolveram essa solução para superar desafios associados à operação manual do equipamento e à fixação de sensores na cabeça do paciente, que podem resultar em imprecisões no posicionamento dos estímulos.
Para melhorar a precisão e confiabilidade da EMT, Renan Matsuda, especialista em física médica, concebeu e implementou durante seu doutorado na FFCLRP-USP um sistema robotizado que utiliza imagens de ressonância magnética para orientar a estimulação cerebral.
Matsuda explica que na abordagem tradicional, a bobina de campo magnético é manipulada manualmente, o que pode levar a variações no posicionamento durante o procedimento, afetando os resultados. Mesmo com técnicas avançadas como a neuronavegação, que utiliza imagens de ressonância magnética para guiar o posicionamento durante sessões mais longas, ainda há desafios com deslocamentos mínimos devido ao peso do equipamento.
“A motivação surgiu ao perceber que os erros são inevitáveis com o posicionamento manual. Por isso, propusemos o uso de um sistema robótico colaborativo para automatizar o posicionamento com base em imagens de ressonância magnética”, destaca o físico. Ele enfatiza que a principal vantagem do robô é sua capacidade de garantir precisão constante no posicionamento e assegurar que os estímulos sejam aplicados apenas quando alcançarem a posição alvo desejada.
Precisão e segurança com sistema de código aberto
O sistema desenvolvido por Matsuda é baseado em código aberto, permitindo que outros pesquisadores possam utilizar, modificar e contribuir para seu aprimoramento. Segundo o físico, isso contrasta com soluções comerciais fechadas, tornando a tecnologia mais acessível e flexível para diferentes aplicações terapêuticas e pesquisas.
Além da redução de custos proporcionada pelo código aberto, Matsuda destaca a portabilidade do robô e sua capacidade de ser facilmente transportado entre diferentes locais de estudo, o que é crucial para a logística de pesquisas.
Segurança e precisão com câmeras inteligentes
Para guiar a estimulação de maneira precisa, Matsuda e sua equipe desenvolveram o sistema MarLe, que utiliza Inteligência Artificial (IA) e câmeras simples para localizar a cabeça do paciente em tempo real, dispensando a necessidade de marcadores fixos. Esta abordagem elimina potenciais erros causados por movimentos dos marcadores durante o procedimento, garantindo uma localização precisa das áreas cerebrais a serem estudadas ou estimuladas.