Antibióticos. Provavelmente, você já foi medicado com algum na sua vida. Eles são muito receitados quando se tem uma infecção bacteriana mais grave ou com potencial de ficar perigosa. Porém, o uso constante deles torna as bactérias mais resistentes, já que elas se “acostumam” com o medicamento, ou seja, toleram melhor as doses mais fracas do remédio ou ele próprio.
Regular a quantidade de antibióticos ingerida e receitada é fundamental, mas o desenvolvimento de novas fórmulas também. É assim que surge a patente Sistema de Expressão para Identificação de Moléculas com Atividade Antimicrobiana.
“Nesse contexto, desenvolvemos um método utilizando biosensores que determina a identificação simultânea de inibição de crescimento e o mecanismo de ação, como dano ao DNA, dano a membrana ou parede celular, assim como a inibição de síntese protéica“, explica Estela Ynés Valencia Morante, do Instituto de Ciências Biomédicas, uma das pesquisadoras da patente.
Funcionamento
Ok! Mostrar a importância da patente parece fácil, mas como ela realmente funciona? Por meio da análise genômica de alguns fungos e bactérias, foram descobertos agrupamentos gênicos para a biossíntese de antibióticos — ou seja, que podem ser suscetíveis à ação combativa do antibiótico — que ampliam as possibilidades de criação de novos compostos antimicrobianos. Entretanto, existe uma dificuldade para detectar a sua expressão genética, necessitando de métodos bem específicos.
“A tecnologia é um ensaio funcional que utiliza uma estratégia química-genética para identificar moléculas antimicrobianas por inibição do crescimento e, simultaneamente, determinar seu alvo molecular de ação como: dano ao DNA, inibição de ribossomos ou dano à membrana/parede celular. Assim, biossensores bacterianos funcionam como uma ferramenta que fornece dados rápidos, de simples implementação e baixo custo“, completa Felipe Chambergo Alcalde, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, também pesquisador da patente.
Tem mais de 20 médicos de diversas especialidades diferentes discutindo sobre este tema na Comunidade Médica digital Jornada 360 do Paciente, você vai ficar de fora das discussões sobre o futuro da saúde? Acesse já: SD Conecta | Jornada 360 do Paciente | Feed e tenha acesso a uma comunidade feita para você!
Ele é utilizado sobretudo contra cepas de bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium tuberculosis, entre outras.
Impactos
Desde Alexander Fleming, conhecido como o descobridor do primeiro antibiótico — a penicilina —, até os dias de hoje, com diversos medicamentos sintéticos, a indústria farmacêutica evoluiu muito. Mas as bactérias também. Nessa corrida armamentista, que ocorre nos mais diversos campos, como na veterinária, na agronomia e na saúde humana, é preciso ter a biotecnologia como aliada.
“Essa tecnologia permitirá reduzir o tempo de descoberta de um antibiótico ao analisar um maior número de amostras sendo naturais ou sintéticas, com aplicação na área de saúde humana, natural ou vegetal. Pretendemos miniaturizar a tecnologia para a identificação microbiana em larga escala“, pontua Ynés. Além disso, a patente está diretamente relacionada com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Saúde e Bem-Estar” da Organização das Nações Unidas.
Estagiária sob supervisão de Paulo Capuzzo