O futuro do tratamento cirúrgico da obesidade aponta para uma abordagem mais focada nas doenças associadas, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia, integrando-se ao conceito emergente de cirurgia metabólica. O professor Wilson Salgado Junior, especialista em cirurgia do aparelho digestivo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, destaca a necessidade de modificações nas portarias ministeriais para uma abordagem unificada desses procedimentos.
A história da cirurgia bariátrica, termo que deriva do grego para “tratamento do peso”, remonta à década de 1960, ganhando relevância crescente a partir dos anos 1980. Em 2013, o Ministério da Saúde regulamentou a cirurgia bariátrica, priorizando casos com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m², quando associados a doenças relacionadas à obesidade.
Estudos indicam resultados eficazes no controle de condições como diabetes e hipertensão, mesmo em pacientes com IMC inferior a 35 kg/m², após a cirurgia metabólica. As técnicas cirúrgicas são semelhantes, mas a priorização é para pacientes com doenças associadas, mesmo com IMC abaixo de 35.
Salgado Junior destaca melhorias pós-cirúrgicas em diversas condições, como colesterol elevado e apneia do sono, ressaltando a redução do risco de câncer com o tratamento da obesidade. Porém, alerta para os riscos e a importância do acompanhamento contínuo.
Os desafios incluem o gerenciamento da fila de espera, especialmente em instituições públicas, diante da crescente demanda, exacerbada pela pandemia de COVID-19. Ampliar o credenciamento de hospitais públicos é crucial para aumentar o acesso pelo SUS, considerando que apenas 0,3% dos possíveis candidatos à cirurgia são operados anualmente pelo sistema público.
Via: Jornal USP