Paulo Saldiva cita experimentos que relacionam o uso do DDT, pesticida banido há décadas, mas cujos efeitos ainda persistem no meio ambiente, ao surgimento de processos de demência como o Alzheimer
Doenças que levam à demência, dentre as quais se inclui o mal de Alzheimer, são o tema desta coluna do professor Paulo Saldiva, que chama a atenção para o fato de que, embora tais doenças guardem um componente genético, têm nas causas ambientais um fator que não pode ser ignorado. Um recente artigo publicado este mês numa revista especializada internacional relaciona o uso e administração de doses do pesticida DDT banido já há algum tempo a um maior risco do surgimento de doenças semelhantes ao Alzheimer em experimentos realizados com roedores em laboratório. Evidências dessa correlação entre o DDT cujos metabólitos persistem no organismo mesmo décadas após o uso do pesticida ter sido proibido vêm desde 2014, quando se descobriu índices mais elevados de resíduos desse pesticida na urina de pacientes portadores de Alzheimer.
O DDT era usado intensamente nos anos 1960 e 1970 e bastante eficaz para proteger as plantações agrícolas do ataque de pragas e insetos, além de oferecer proteção contra doenças como malária, tifo e febre amarela, mas o problema é que seus efeitos ainda persistem no meio ambiente. No Brasil, segundo o colunista, ainda é possível detectar o DDT em pontos específicos de alguns rios, o que nos leva à conclusão de que “O meio ambiente responde às agressões e, nesse caso, é uma resposta de longo prazo”.
Via: Jornal da USP