Interdependência, complexidade, riscos jurídicos e dilemas éticos estão no dia a dia das empresas de saúde. Muitas vezes geridas por fundadores com profundo conhecimento técnico do setor, deixam a desejar quando o assunto é gestão profissionalizada e práticas transparentes.
Pesam, na decisão de implementar a Governança Corporativa, as especificidades do setor, que demanda flexibilidade, conhecimento técnico, engajamento de profissionais que nem sempre mantém vínculo direto com a instituição e a conciliação de interesses de diversos stakeholders.
Por outro lado, manter o status quo e não enfrentar esses desafios torna a empresa mais lenta nas respostas à inovação, mais exposta a questões de compliance, seja em ética médica, seja na relação com fornecedores e clientes, ou, até mesmo, no cumprimento das obrigações junto aos órgãos reguladores, e menos eficiente do ponto de vista financeiro.
Vencer essas resistências, porém, e apostar em Governança Corporativa pode gerar muitos benefícios. Regras e políticas bem estabelecidas trazem agilidade na tomada de decisões e na resolução de conflitos, permitem que as equipes atuem de forma mais autônoma, seguindo diretrizes claras, e tornam as atividades mais transparentes, o que, consequentemente, deixa a empresa com um posicionamento melhor no mercado.
O estudo “Iniciativas ESG geram valor?”, da Bain & Company, conclui que empresas com sólidas práticas éticas, ambientais e trabalhistas têm margens de lucro de três a quatro pontos percentuais acima das que não seguem esses critérios.
Por onde começar?
A utilização de uma matriz de materialidade ajuda a definir as questões prioritárias para a empresa e stakeholders, identificar os temas mais relevantes e focar na geração de valor e impactos para o crescimento da organização.
A análise de casos de sucesso também apoia os conselhos consultivos e executivos neste aprimoramento da gestão. O estudo “ESG para Organizações de Saúde”, da KPMG, mostra que as principais medidas tomadas pelas pesquisadas, quando o tema é governança, foram: relatar, monitorar e compartilhar o progresso da responsabilidade corporativa, constituir conselhos com diversidade de gênero e raça, criar metas de equidade salarial e desenhar políticas de ética, fraude e compliance. A área menos divulgada do ESG, de acordo com o estudo, traz oportunidades para que as instituições se diferenciem no mercado e lidem melhor com suas vulnerabilidades.
Criar um plano prático e tangível de ação manterá as pessoas engajadas, facilitará o entendimento de que esta não é só mais uma obrigação e trará agilidade para implementar as mudanças necessárias.
Por fim, transparência, prestação de contas e boas práticas de comunicação andam juntas: medir, quantificar e divulgar os valores gerados pela governança corporativa e, em outro estágio, pela adoção de políticas ESG, são medidas que contribuem para a construção de reputação e legado entre as organizações do setor.