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Médicos terão que adaptar assistência com novas formas de comunicação e acompanhamento em tempo real do paciente nos próximos anos, mostra pesquisa da Deloitte

Escrito por Editor@

novembro 25, 2022

pacienteDesenvolvimento tecnológico, como cloud, análise preditiva, automação, inteligência artificial, compartilhamento de dados, interoperabilidade e 5G, devem ter maior impacto sobre a saúde nos próximos cinco a 10 anos;
Embora entusiastas da tecnologia, menos da metade dos médicos aponta ter processos rotineiros de gestão da assistência automatizados;
Seis em cada 10 médicos se preocupam com responsabilidade sobre erros atribuídos à tecnologia;
Geriatria, psiquiatria, oncologia e medicina da família serão as especialidades médicas mais demandadas em 10 anos, segundo respondentes.
Os médicos brasileiros terão que adaptar seu modelo de assistência ao paciente, estabelecendo novas formas de comunicação e monitoramento de suas condições de saúde em tempo real para acompanhar a evolução da medicina nos próximos anos. É o que mostra a pesquisa “Os impactos da tecnologia para uma medicina que se moderniza – Novas metodologias, habilidades e formas de interação com os pacientes”, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, com apoio da Faculdade Unimed, da Innovatrix e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp).

Mais da metade dos médicos (55%) que responderam ao estudo afirmaram que o desenvolvimento tecnológico é a tendência de maior impacto sobre a saúde nos próximos cinco a 10 anos. Entre essas tecnologias estão as de conectividade e personalização da assistência como cloud, análise preditiva, automação, inteligência artificial, compartilhamento de dados, interoperabilidade e 5G.

O aumento das demandas e expectativas de pacientes (42%) também foi citado como tendência de grande impacto sobre a saúde, o que condiz com o perfil do público cada vez mais bem informado, conectado e dono dos seus dados de saúde. Também entre as principais tendências mapeadas, está o foco em prevenção e promoção da saúde e atenção primária (40%), que reflete uma abordagem preventiva e a busca por uma melhor qualidade de vida em uma perspectiva na qual a população tende a viver por mais anos.

A manipulação genética e as terapias celulares (52%), junto com a miniaturização de dispositivos (51%), realidade virtual/realidade aumentada (50%), nanotecnologia (48%) e diagnósticos domiciliares (45%) foram citadas como os desenvolvimentos científicos de maior impacto sobre o trabalho ou especialidade de atuação do profissional.

O compartilhamento e avaliação dos dados de pacientes (92%) tende a ser realizado de forma cada vez mais segura e simplificada nos próximos cinco a 10 anos. O monitoramento centralizado e a triagem virtual por telemedicina (85%), que avançaram durante a pandemia, os diagnósticos de imagem por inteligência artificial (86%) e a prevenção e diagnóstico de doenças de alto risco por inteligência artificial (79%) também são outras tendências que devem ser ampliadas, trazendo agilidade aos atendimentos. Mais de dois terços dos médicos (67%) esperam que, em cinco a 10 anos, seja padrão que os pacientes tenham controle dos seus dados de saúde.

“Essas tecnologias compõem uma tendência de personalização do cuidado médico, principalmente frente a condições de maior complexidade e exigência por maior eficiência terapêutica. Isso requer que prestadores de serviços médicos atuem de forma conjunta para garantir equidade de acesso a essas tecnologias. Em complemento, as novas tecnologias, especialmente as diagnósticas, facilitam também o acesso de pacientes à detecção precoce de condições que, ao serem abordadas mais cedo, têm melhores resultados no tratamento” observa o sócio-líder de Life Sciences & Health Care da Deloitte, Luis Fernando Joaquim.

Médicos têm receios com erros da tecnologia, custos e riscos cibernéticos

Em geral, os médicos entrevistados veem de forma positiva o impacto da maior robotização sobre o seu trabalho. Cerca de 86% acreditam que haverá ganho de eficiência e mais de dois terços destacaram a melhora da qualidade clínica (68%) e da satisfação do trabalho com essas tecnologias (67%). Dada a percepção de que os recursos tecnológicos poderiam desestimular a humanização do cuidado, um terço acredita que haverá diminuição da qualidade da relação médico/paciente com a utilização da robotização. Porém, uma parcela maior (43%) vislumbra um impacto positivo nessa nova abordagem.

A principal dúvida dos médicos à adoção dessas soluções está relacionada à responsabilização por erros atribuídos à tecnologia (60%), uma vez que o assunto ainda está sendo discutido e não tem regulamentação específica, e sobre aspectos mais funcionais da aplicação dessas soluções, tais como gerenciamento de notificações e fluxos (40%) e o custo de sua implementação (51%), que devem ter impacto não apenas na prática assistencial, mas também nas atividades de gestão do atendimento realizada pelos profissionais de medicina.

Menos da metade dos médicos entrevistados diz já ter automatizado processos rotineiros de gestão de dados da assistência, tais como registro de anotações sobre o paciente (46%), codificação clínica (38%), pedidos de testes de rotina (37%) e prescrição de medicamentos (36%), por exemplo, o que revela oportunidade de facilitar, agilizar e simplificar o dia a dia do médico e de outros profissionais por meio de tecnologia.

“Isso revela que ainda há oportunidade para uma maior implementação da tecnologia à prática médica. Algumas dessas automatizações, inclusive, gerariam grande impacto no tempo de espera do paciente para procedimentos e na disponibilidade médica, uma vez que poderiam reduzir a carga burocrática das avaliações. Percebe-se também que há oportunidade em demonstrar ganhos para uma grande fatia dos médicos que enxergam como impossível a automatização de comunicação ou de visitas preventivas ou de rotina”, acrescenta Luis Fernando Joaquim.

Comunicação com pacientes por aplicativos deve ser ampliada

A pesquisa mostra também que a comunicação com os pacientes por meio de ferramentas virtuais deve ser ampliada nos próximos 12 meses. Na telemedicina, a utilização diária de aplicativos informais (10%) é maior do que a de aplicativos já homologados por clínicas, hospitais ou operadoras de saúde (8%). Há, contudo, interesse dos médicos pesquisados em intensificar a utilização de aplicativos homologados (34%) e informais (30%) nos próximos 24 meses.

Ferramentas de monitoramento em tempo real da saúde do paciente ainda são pouco utilizadas, mas podem agregar agilidade no atendimento e precisão no diagnóstico. Grande parte dos profissionais entrevistados (74%) não integram dados oriundos de dispositivos móveis com o registro dos pacientes, nem monitoram remotamente o paciente em uma instalação médica, como uma UTI (64%), ou em casa (50%). E praticamente metade (49%) não utiliza aplicativos para a coleta de relatos ou questionário sobre a saúde do paciente.

64% dos médicos discutem decisões de tratamento com o paciente

Quase dois terços dos médicos (64%) disseram à pesquisa que discutem com os pacientes os objetivos ao tomar decisões de tratamento. Contudo, entre os médicos que atuam no setor público, apenas 50% adotam essa conduta, possivelmente devido à menor duração das consultas decorrente da grande demanda no segmento público e dos limites no orçamento destinado à saúde. Os médicos da rede privada também se mostraram mais cientes sobre os custos de tratamentos que escolhem, considerando que a rede privada tende a ter um maior controle e prestação de contas.

Formação do médico e as especialidades mais demandas nos próximos anos

Com abordagens clínicas mais abrangentes e tecnológicas, a tendência é a de que os médicos atuem cada vez mais com profissionais de outras áreas, como engenharia de dados e inteligência artificial, para uma abordagem mais integral e preditiva sobre a saúde. Isso exige mudanças na formação dos profissionais de saúde do futuro: negócios, economia em saúde e aspectos jurídicos (55%) estão no topo das novas demandas para a formação dos médicos do futuro, seguidos por habilidade para trabalhar em equipe multidisciplinar (50%) e capacidade de interpretar dados complexos (44%).

Para os médicos entrevistados, as especialidades que terão maior demanda nos próximos 10 anos são geriatria, psiquiatria, oncologia clínica, psiquiatria de criança e adolescente e medicina da família. Por outro lado, a demanda por médicos especialistas em radiologia, radiologia diagnóstica, medicina do trabalho, anatomia patológica e clínica médica deve reduzir no mesmo período, segundo respondentes.

O estudo mostra, por fim, que as formas mais utilizadas para a remuneração dos médicos são o pagamento por procedimento (50%) e o salário (41%), e não há expectativa de que mudanças expressivas nos modelos de remuneração devam ocorrer no próximo ano. Em um intervalo maior do que 12 meses, porém, devem ganhar espaço a remuneração por performance e os riscos compartilhados, apesar da percepção dos entrevistados.

Via: Deloitte

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