Entre elas estão velhas conhecidas no Brasil, como a dengue, a zika e a chikungunya. E também vírus que passaram a chamar atenção mais recentemente, como o mayaro – que tem sido identificado em regiões da Amazônia – e o vírus da febre do Nilo
A redução nos números de contaminações e mortes por covid-19 pelo mundo está abrindo espaço para que pesquisadores em saúde pública voltem a dedicar mais tempo e recursos para outras doenças consideradas como ameaças emergentes e persistentes.
Entre elas estão velhas conhecidas no Brasil, como a dengue, a zika e a chikungunya. E também vírus que passaram a chamar atenção mais recentemente, como o mayaro – que tem sido identificado em regiões da Amazônia – e o vírus da febre do Nilo.
Essas arboviroses, assim como o HIV e o próprio coronavírus, estarão no centro de um encontro que ocorre neste domingo e segunda-feira no Rio, intitulado Simpósio Ameaças Globais Sanitárias Emergentes e Persistentes, com a presença de especialistas brasileiros e estrangeiros.
“Existe essa preocupação permanente não apenas em relação a novas doenças, mas com o ressurgimento de doenças”, disse ao Valor o pesquisador em malária da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) Leonardo Carvalho, um dos organizadores do encontro.
Entre as doenças que ressurgem está o sarampo, em grande medida devido à queda ano a ano da cobertura vacinal em vários países, entre os quais o Brasil.
O debate sobre os males e emergentes e persistentes estava sendo planejado antes da pandemia, mas acabou sendo adiado e ajustado, com o coronavírus sendo incluído no rol das ameaças.
“Um dos objetivos do simpósio é reunir lideranças mundiais para debater essas ameaças sanitárias globais”, diz ele.
Entre os participantes estarão o professor Adrian Hill, da Universidade Oxford, que ajudou a desenvolver a vacina contra covid-19 da Astrazeneca; e o imunologista americano Anthony Fauci, que falará sobre lições aprendidas na pandemia e os desafios que perduram.
Carvalho lembra das dificuldades que a comunidade científica tem para fazer frente por meio de vacinas contra algumas ameaças sanitárias de alto impacto.
A resposta dos pesquisadores e da indústria farmacêutica covid-19 foi um caso notável de sucesso, com vacinas eficazes sendo oferecidas poucos meses depois dos primeiros casos da doença.
Mas a ciência ainda não conseguiu desenvolver imunizantes para outros males emergentes e persistentes.
“Ainda tem muita demanda de saúde pública que não está resolvida”, lembra Carvalho. “O Brasil lida com dengue desde a década de 80 quando houve uma nova introdução da doença e a vacina ainda não está disponível.” Não há vacina tampouco contra zika, chikungunya e malária.
O pesquisador partilha da visão de muitos cientistas de que os avanços obtidos para o desenvolvimento das vacinas contra covid tendem a ajudar na criação de imunizantes para outras doenças.
“Eu não tenho dúvida que isso vai impactar o desenvolvimento de outras vacinas inclusive em função de novas tecnologias como o RNA mensageiro”, disse.
Não entanto, as dificuldades que a ciência tem para lidar com alguns vírus continuam sendo um obstáculo importante.
“O governo americano, os governos europeus e o próprio governo brasileiro colocam muito dinheiro para estudos de vacina contra HIV há 40 anos e ainda não existe uma vacina porque existem desafios específicos de cada vírus”, acrescenta Carvalho.
“O governo americano, os governos europeus e o próprio governo brasileiro colocam muito dinheiro para estudos de vacina contra HIV há 40 anos e ainda não existe uma vacina porque existem desafios específicos de cada vírus”, acrescenta Carvalho.
O Simpósio Ameaças Globais Sanitárias Emergentes e Persistentes tem como organizadores Leonardo Carvalho e Hans Ackerman, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos EUA e ocorrerá no hotel Prodigy Santos Dumont, no Rio.